ÂNGELO DE LIMA

O poeta,

«Pára-me de repente o pensamento

Pára-me de repente o pensamento

Como que de repente refreado

Na doida correria em que levado

Ia em busca da paz, do esquecimento…

Pára surpreso, escrutador, atento,

Como pára um cavalo alucinado

Ante um abismo súbito rasgado…

Pára e fica e demora-se um momento.

Pára e fica na doida correria…

Pára à beira do abismo e se demora

E mergulha na noite escura e fria

Um olhar de aço que essa noite explora…

Mas a espora da dor seu flanco estria

E ele galga e prossegue sob a espora.»

LIMA, Ângelo de, “Líricas Portuguesas”, seleção, prefácio e notas de Cabral do Nascimento: Lisboa, Portugália Editora, 1945

João Andrade

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